terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O AMARGO DA CANA-DE-AÇÚCAR

 

DIA DOS CORTADORES DE CANA-DE-AÇÚCAR


O padre Antônio Vieira, no século XVII, escreveu sobre os engenhos de açúcar: "Quem via na escuridade da noite aquelas fornalhas tremendas, perpetuamente ardentes (...) o ruído das rodas, da gente toda de cor da mesma noite, e gemendo tudo, sem trégua e descanso (...) toda máquina e aparato confuso e estrondoso daquela Babilônia não poderá duvidar, ainda que tenha visto Etnas e Vesúvios, que é uma semelhança do inferno."
Quatro séculos depois quase nada mudou. A gente da cor da noite continua predominando nos canaviais; a escravidão faz com que os cortadores de cana acordem às 4 horas da manhã e com sua marmita na mão utilizem um transporte precário para percorrer quase 100 km até chegar nas lavouras. Os Andorinhas, que são os trabalhadores vindos de outros estados têm pior sorte, pois o dinheiro que conseguem juntar mal dá para pagar as despesas dos alojamentos. Trabalhando de sol a sol ainda enfrentam a ameaça da máquina de cortar cana que faz o serviço de 80 homens. Enquanto esses pobres homens voltam das lavouras prostrados e moídos como a própria cana, as destilarias vivem seus melhores momentos, aumentando sua área de cultivo e ampliando sua produção.
Alguém tem o que comemorar nesse dia 16 de janeiro?

Um comentário:

  1. certas datas comemorativas,certas concessões,são a maior prova da existencia de um Brasil que não se redimiu de suas culpas,que não resgatou parte de sua população do nicho em que foi jogada e que não consegue se livrar de um preconceito institucionalizado...parabens,boa lembrança

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