domingo, 24 de novembro de 2013

A FÉ QUE MOVE MONTANHAS

Nem os avanços da tecnologia, nem as pesquisas desenvolvidas a respeito da mente humana tem libertado o indivíduo da dependência do mundo sobrenatural. Quando as pessoas se deparam com uma situação limite em que suas fragilidades vêm à tona e nada consegue transformar a realidade em que vivem, recorrem à religião a procura de socorro. Independente do nível social ou intelectual é comum o homem apelar para o invisível diante das dificuldades. As religiões, de diferentes formas, explicam nossa passagem pela Terra e a maioria delas promete dias melhores, o paraíso, a evolução espiritual, enfim. Basta ter fé. Sendo uma herança cultural que não se sustenta em evidências, a fé leva o homem ao conformismo e a aceitação de inúmeras situações conflitantes e dolorosas. No entanto, ficar à mercê da religião é uma forma de comodismo, uma vez que o indivíduo poderá justificar suas atitudes ou acontecimentos em torno de sua existência acreditando que “foi a vontade de Deus”. Quando alguém diz “Deus quis assim”, estará consciente ou inconscientemente libertando-se da responsabilidade de seus atos. De qualquer forma, há feitos inexplicáveis a luz da ciência que são atribuídos à fé. E, em nome dela, as pessoas transitam por crenças pouco ortodoxas, abstém-se dos prazeres mundanos, doam seus bens e não raras vezes mergulham em ritos de autoflagelação impulsionados pela necessidade de acreditar em algo. A religião é uma ilusão que afasta a humanidade da realidade, diz Freud. No entanto, cada vez mais as pessoas têm se mostrado dependentes das manifestações baseadas na espiritualidade que soa como conforto para suas almas angustiadas e passa a sensação de dever cumprido. O poder da fé se manifesta nas celebrações em que vemos homens, mulheres e crianças de joelhos, descalças, vestidas de anjos ou carregando objetos que para eles explicam determinadas vivências. E suas fisionomias denunciam paz, aflição, agradecimento ou esperança. É a sublimação pelo sofrimento. “Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia.” (Shakespeare) Novembro/2013