Todo mundo sabe
direitinho qual é o seu sonho. Uns querem conhecer Londres, outros esperam um
dia ter sua independência financeira, e há ainda os que estão à procura de um
grande amor. Até aí nada de novo. O que me deixou surpresa foi uma redação
produzida por uma aluna do Ensino Médio na semana que antecedia o natal, cujo tema
era o presente que eles, os alunos, gostariam de ganhar de natal. A menina, na exuberância dos seus 18 anos,
escreveu que gostaria de ganhar do Papai Noel um namorado. Confesso que até me
assustei com o pedido. Por que uma garota como aquela precisaria pedir um
namorado como presente de natal? Ter um namorado seria algo tão valioso assim? Passei
então a refletir sobre a importância do namorado na vida das mulheres.
É inacreditável que apesar de todas as lutas
ferrenhas que o sexo frágil tem encarado e vencido, ter um namorado continua
sendo um fator determinante para uma mulher ser vista como bem sucedida. É
sabido que na adolescência a menina trilha os caminhos do seu grupo e o faz por
uma questão de identificação. Se sua amiga está namorando, ela vai namorar
também. Depois dos 30 anos a cobrança se
intensifica. A mulher pode ter um bom emprego, ser uma excelente profissional,
mas não ter namorado passa a falsa ideia de não ser uma mulher completa, falta
sua cara metade. O namorado lhe confere o título de ser aceita e desejada por
alguém.
Algumas mais
exigentes na escolha do parceiro, não raras vezes ouvem comentários do tipo
“você é tão bonita e não tem namorado!”. Essa referência transmite uma mensagem
implícita que deve haver algo de errado com ela, e que ser bela é condição
necessária para encontrar o homem certo. Numa sociedade de aparências em que a estética
é divinizada, ser invisível não traz nenhuma vantagem, embora se saiba que nem
sempre o mais atraente é o melhor ou o melhor é o mais atraente. Apesar disso, fica
evidente que um namorado acaba colocando a mulher em uma vitrine.
Quando se aproxima o dia dos namorados, muitas
delas sentem-se excluídas por estarem sós, pela falta de um jantar a dois, por
não receberem presentes, por não ter a quem dar presentes. A sociedade as
coloca na condição de anônimas solitárias e como se não bastasse, a mídia acaba
reforçando esse sentimento de solidão promovendo o dia dos namorados de tal
forma que a data se tornou a mais comercial do mundo consumista.
Espero que
minha aluna já tenha recebido seu almejado presente, assim, seu lugarzinho na
vitrine está garantido. E se ele chegou fazendo seu coração bater
aceleradamente, melhor ainda.