sexta-feira, 31 de maio de 2013

ESPERANDO O NAMORADO


       
       Todo mundo sabe direitinho qual é o seu sonho. Uns querem conhecer Londres, outros esperam um dia ter sua independência financeira, e há ainda os que estão à procura de um grande amor. Até aí nada de novo. O que me deixou surpresa foi uma redação produzida por uma aluna do Ensino Médio na semana que antecedia o natal, cujo tema era o presente que eles, os alunos, gostariam de ganhar de natal.  A menina, na exuberância dos seus 18 anos, escreveu que gostaria de ganhar do Papai Noel um namorado. Confesso que até me assustei com o pedido. Por que uma garota como aquela precisaria pedir um namorado como presente de natal? Ter um namorado seria algo tão valioso assim? Passei então a refletir sobre a importância do namorado na vida das mulheres.  
        É inacreditável que apesar de todas as lutas ferrenhas que o sexo frágil tem encarado e vencido, ter um namorado continua sendo um fator determinante para uma mulher ser vista como bem sucedida. É sabido que na adolescência a menina trilha os caminhos do seu grupo e o faz por uma questão de identificação. Se sua amiga está namorando, ela vai namorar também.  Depois dos 30 anos a cobrança se intensifica. A mulher pode ter um bom emprego, ser uma excelente profissional, mas não ter namorado passa a falsa ideia de não ser uma mulher completa, falta sua cara metade. O namorado lhe confere o título de ser aceita e desejada por alguém.
       Algumas mais exigentes na escolha do parceiro, não raras vezes ouvem comentários do tipo “você é tão bonita e não tem namorado!”. Essa referência transmite uma mensagem implícita que deve haver algo de errado com ela, e que ser bela é condição necessária para encontrar o homem certo.  Numa sociedade de aparências em que a estética é divinizada, ser invisível não traz nenhuma vantagem, embora se saiba que nem sempre o mais atraente é o melhor ou o melhor é o mais atraente. Apesar disso, fica evidente que um namorado acaba colocando a mulher em uma vitrine.
        Quando se aproxima o dia dos namorados, muitas delas sentem-se excluídas por estarem sós, pela falta de um jantar a dois, por não receberem presentes, por não ter a quem dar presentes. A sociedade as coloca na condição de anônimas solitárias e como se não bastasse, a mídia acaba reforçando esse sentimento de solidão promovendo o dia dos namorados de tal forma que a data se tornou a mais comercial do mundo consumista.
          Espero que minha aluna já tenha recebido seu almejado presente, assim, seu lugarzinho na vitrine está garantido. E se ele chegou fazendo seu coração bater aceleradamente, melhor ainda.