Caminhava
pela rua do Acampamento hoje à tarde, quando percebi um movimento esquisito na
porta das lojas Grazziotin. Três policiais devidamente armados cercavam um rapaz "negro" que tinha nas mãos uma sacola insignificante. Um dos policiais comunicava-se pelo rádio, não sei exatamente em que tom. Os outros dois falavam, gesticulavam e movimentavam-se pungentemente enquanto o rapaz esperava com uma aragem de tristeza resignada no olhar. Possivelmente ele teria cometido um pequeno furto na loja. Uma camiseta, uma bermuda ou uma cueca. Vamos lá saber de que ele mais necessitava! Como a curiosidade mobiliza
multidões, aos poucos pessoas
amontoavam-se para ver o rosto do “gatuno” e presenciar o desfecho do caso. Eu,
do outro lado da rua, pensei no Brasil consumido pela chama da corrupção, da
ladroeira e da patifaria, e senti náuseas. Salve Cunha, Palloci, Delcídio do
Amaral, Sérgio Cabral... Pobre rapaz!
Ângela Sauthier/ Dezembro-2017