sábado, 15 de fevereiro de 2014

NÃO SOMOS MÁGICOS, GOVERNADOR !

Senhor governador, Como professora estadual e conhecedora das mazelas que mansamente se instalaram na escola pública, quero com muita humildade, lhe fazer um pedido: Invista nas nossas crianças, governador! Se houvesse investimento nas crianças, o estado reduziria extraordinariamente seus gastos com a construção e manutenção de presídios. Se houvesse investimento nas crianças, as campanhas gigantescas e milionárias contra o uso de drogas poderiam ser reduzidas. Se houvesse investimento nas crianças, não precisaríamos de tantos policiais nas ruas e os políticos não exerceriam o poder apenas pelo poder, mas para beneficiar toda uma coletividade. Se houvesse investimento nas crianças, os professores não precisariam trabalhar 60 horas e teriam tempo, disposição e recursos financeiros para preparar aulas motivadoras. Se houvesse investimento nas crianças o magistério não estaria doente, sem perspectivas, cumprindo funções que não são suas e constantemente entrando em conflito com pais que os culpam pelo mau desempenho escolar de seus filhos. Março está chegando. Será inevitável a frustração dos alunos ao retornarem as suas escolas e encontrarem o mesmo ventilador barulhento, cadeiras desconfortáveis, quadro-negro anacrônico, sala digital com computadores ultrapassados e em número insuficiente. É desanimador ver os alunos tropeçando nos buracos formados pelo desgaste do piso e tendo aulas de educação física ao relento do sol. Este é o triste retrato da educação pública. Um lanche às quatro da tarde não é suficiente para uma geração inquieta e sedenta de novos conhecimentos, governador! Eles merecem mais. Os alunos necessitam estar conectados com o bem, com o próspero, com o íntegro e o clamor pelo resgate da dignidade dos trabalhadores em educação é legítimo. A retórica que a educação é prioridade do governo é um engodo. Somos desafiados diariamente a fazer milagres com os parcos recursos que dispomos. Vivemos de sobras. Em 2013 fomos ludibriados com o factoide dos tablets que se tornaram inúteis em um sistema onde não há suporte de internet que possa conectá-los. Investir nas crianças é valorizar a educação. Sem isso, desenvolver plenamente o educando, prepará-lo para o exercício da cidadania e qualificá-lo para o trabalho torna-se uma falácia. Nós somos professores, governador! Não somos mágicos. Fevereiro/2014