domingo, 12 de maio de 2013

O MAIOR DE TODOS OS AMORES


       

         
     
     Um artigo escrito por um empresário e publicado no Diário de Santa Maria neste final de semana me emocionou bastante. Tentei lê-lo em voz alta para minha filha, mas não consegui porque as lágrimas me impediram de ver as palavras. Uma pedagoga de Santa Catarina adotou uma criança com Síndrome de Down, portadora de uma cardiopatia congênita e lesão neuronal grave. A mãe adotiva ficou com a guarda provisória durante 11 meses sendo que a menina veio a falecer com 16 meses sem que o processo de adoção tivesse sido concluído. Essa mãe, com sua dor jorrando com toda intensidade, pediu ao juiz que lhe concedesse o direito de registrar essa criança, pois queria amá-la e lembrá-la mesmo após a sua morte. O Juiz, tomado talvez por uma grande comoção, formalizou o primeiro caso de adoção “post mortem” no Brasil. E a sentença que ele proferiu “Reconheça-se então este amor da adotante, dando-lhe o alento que lhe resta, a saudade de uma filha que era, sim, sua e uma história que deve ser lembrada como um verdadeiro exemplo de adoção e amor incondicional, nem que seja nesta sentença.” contraria o entendimento que muitos de nós leigos temos de que os juízes são pessoas frias e que lhes compete apenas aplicar a lei.       
        Penso que o meu choro tenha acontecido porque li o artigo na véspera do dia das mães e todas nós ficamos mais sensíveis nessa data. Ou talvez porque eu também seja mãe de um filho especial e saiba o quanto eles modificam nossas vidas. A verdade é que ao tomar conhecimento do fato eu percebi que a humanidade, apesar de estar numa constante corrida pelo ter, pelo parecer, pelo construir, ainda tem um coração que pulsa forte.  Existem anjos espalhados pelo mundo. Anjos como essa mãe adotiva que abraçou essa criança e dedicou a ela um carinho supremo, apesar de todas as limitações que a filha trazia consigo. O pedido ao magistrado se configurou em um amor ressurgido da dor em toda sua plenitude. Existem anjos como esse juiz, que usando de uma percepção extremamente aguçada, entendeu toda a angústia que essa mãe trazia na alma e tentou abrandá-la da forma que podia. Sim, senhor juiz, a filha era dela e Vossa Excelência foi muito feliz ao formalizar isso.  E essa história não vai ser apenas lembrada nesta sentença, mas vai ficar na memória de todos que dela tomarem conhecimento.   Minha admiração e respeito a essa mãe.  Sinto-me insignificante frente a pessoas como ela.