terça-feira, 15 de julho de 2014

O MUNDO É BEGE

Meu amigo Luiz Carlos disse-me hoje à tarde que o mundo é bege, e que nós o tonalizamos de acordo com o nosso estado de espírito. As alegrias, as frustrações, os desencantos ou os encantamentos é que irão colorir mais ou menos os nossos dias. Perfeito, meu querido. Essa linguagem metafórica possibilitou a multiplicação dos sentidos de cada cor que utilizamos para pintar nosso mundo. E cada um pinta a seu bel- prazer. Quando o dia está amarelo como o sol, sinto-me numa tarde primaveril. Sou criança enfeitiçada pelas loucuras da natureza. Uma criança feliz. Outras vezes ele é vermelho como o sangue, como a paixão derradeira, como o borbulhar dos desejos incontidos. Quando o dia amanhece branco, uma serenidade do tamanho de um campo de futebol se espalha por todo o meu corpo. Quero então, de olhos bem abertos, concretizar meus sonhos mais absurdos. Quando o dia está da cor da violeta, trago para perto de mim as pessoas que já se foram e que fizeram sentir-me importante. Hoje, amigo Luiz, o meu dia ficou cinza de repente. O tom da dor, do desespero, da amargura. O cinza é uma cor tão fria que congelou meu coração por longas horas. Um choro abafado ficou preso na minha garganta. Precisei de um ombro para chorar. Pior que isso só mesmo um domingo de tarde chuvosa fazendo companhia para a nossa mais completa solidão. Nesses momentos, morremos um pouco e nem percebemos. E num mundo plural e polissêmico só posso ser escrava do meu pensamento. Por isso devo refletir bastante, chorar muito e rezar. E como diz Rita Lee, eu tenho as duas faces de Eva, a bela e a fera, e tenho um sorriso de quem nada quer. Sou sexo frágil, mas não fujo à luta. Por isso não me provoque, pois amanhã o dia vai ser Rosa Choque. Julho/2014