O domingo tinha todos os requisitos para ser perfeito. O dia
de domingo é gostoso por natureza, e este, em especial, apareceu
escandalosamente ensolarado. O frio de
renguear cusco deu lugar a um veranico que antes era chamado de verão de maio.
Clima de férias no Nordeste. Um
pouco antes do almoço, teríamos o Grenal. Quem é gaúcho sabe que o Rio Grande é
dividido entre gremistas e colorados. Tem os que não gostam de jogo, mas torcer
por um time de fora, somente os gaúchos desgarrados, os que não têm calor na
alma. Em dia de Grenal, o estado inteirinho fica inquieto, tenso e esperançoso.
Uma disputa gigantesca aflora nos nossos corações. A vitória num jogo desses
tem gosto de sorvete de morando, de pudim de chocolate, de doce de leite.
Hoje, o meu Internacional fez eu acordar antes do almoço
(nos domingos, acorda-se depois do almoço), eufórica, vibrante e faceira. O
Beira-Rio estava esplêndido. Uma massa humana cor de sangue vibrava nas
arquibancadas. Gente de todas as cores, todas as idades, todos os sexos torcia,
gritava, agitava bandeiras.
Meu time perdeu. Contingências do futebol. Eu chorei. A
maior torcida gaúcha chorou. Não é possível explicar o que sentimos. Têm fatos
que a palavra não alcança, mas dói feito uma brasa. As grandes dores são mudas.
Apesar dessa derrota, continuo acreditando com cada molécula do meu corpo que
ainda vamos nos empanturrar de vitórias.
De repente, o domingo ficou cinzento. Mais parecia uma
segunda- feira chuvosa.
Ângela Maria Lorenzoni Sauthier- 03/07/2016
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