domingo, 3 de julho de 2016

O FUTEBOL NOSSO DE CADA DIA


O domingo tinha todos os requisitos para ser perfeito. O dia de domingo é gostoso por natureza, e este, em especial, apareceu escandalosamente ensolarado.  O frio de renguear cusco deu lugar a um veranico que antes era chamado de verão de maio. Clima de férias no Nordeste.    Um pouco antes do almoço, teríamos o Grenal. Quem é gaúcho sabe que o Rio Grande é dividido entre gremistas e colorados. Tem os que não gostam de jogo, mas torcer por um time de fora, somente os gaúchos desgarrados, os que não têm calor na alma. Em dia de Grenal, o estado inteirinho fica inquieto, tenso e esperançoso. Uma disputa gigantesca aflora nos nossos corações. A vitória num jogo desses tem gosto de sorvete de morando, de pudim de chocolate, de doce de leite.
Hoje, o meu Internacional fez eu acordar antes do almoço (nos domingos, acorda-se depois do almoço), eufórica, vibrante e faceira. O Beira-Rio estava esplêndido. Uma massa humana cor de sangue vibrava nas arquibancadas. Gente de todas as cores, todas as idades, todos os sexos torcia, gritava, agitava bandeiras.
Meu time perdeu. Contingências do futebol. Eu chorei. A maior torcida gaúcha chorou. Não é possível explicar o que sentimos. Têm fatos que a palavra não alcança, mas dói feito uma brasa. As grandes dores são mudas. Apesar dessa derrota, continuo acreditando com cada molécula do meu corpo que ainda vamos nos empanturrar de vitórias.
De repente, o domingo ficou cinzento. Mais parecia uma segunda- feira chuvosa.

Ângela Maria Lorenzoni Sauthier- 03/07/2016



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