quarta-feira, 5 de março de 2014

ESSAS MULHERES: AS HEROÍNAS

Nesse feriado de carnaval, assisti pela segunda vez ao filme As Mães de Chico Xavier. O filme trata de três mulheres com histórias diferentes que correm em paralelo até chegarem ao médium. A temática é a maternidade e junto a ela, a dor das mães que perdem seus filhos. Ao rever o filme, lembrei que estamos na semana da Mulher. Muito será mencionado sobre a mulher do século XXI, como a conquista de novos espaços, o crescimento profissional, a trajetória triunfal no mundo da ciência e da tecnologia, a dupla jornada e os problemas de saúde motivados pela corrida incessante à igualdade de direitos. O filme me fez pisar no freio e refletir sobre o assunto. Tenho convicção de que, embora a maternidade não seja mais prioridade a algumas mulheres, é, sem dúvida, ainda seu melhor papel. É na maternidade que nos entregamos por inteiro, passamos a ter consciência da nossa finitude e cultivamos o desapego. Somos todas portadoras dos mesmos sentimentos, medos e ansiedades. Somos leoas furiosas na defesa de nossas crias. Somos incansáveis protetoras de nossos filhos. Somos exibidas com suas vitórias. Brigamos por eles, sofremos por eles, morremos por eles. As Mães da Praça de Maio se reúnem todas as quintas- feiras em Buenos Aires, procurando manter vivo na memória dos argentinos o desaparecimento de seus filhos na Ditadura Militar. As mães da Boate Kiss fazem plantão diariamente na Praça Saldanha Marinho para dividir suas dores e mostrar ao mundo a negligência de algumas pessoas que contribuiu para a tragédia que escureceu para sempre suas almas. As mães de Chico Xavier, no supremo desespero, viajavam até Minas Gerais a procura de um último consolo: a comunicação com seus filhos que já passaram para o outro plano. Todos esses gestos só podem ser explicados pelo amor incondicional que nós, mães, sentimos pelos filhos. Esse sentimento é tão inflamável que não nos permite querer algo em troca. Somos eternas parasitas da felicidade deles. Podemos correr o risco de colocar nossa própria vida em risco, mas jamais colocaríamos em risco a vida de nossos filhos. Esses atributos maternos nos colocam um pouco mais perto de Deus e vêm bem antes de todo o resto que acompanha a mulher da pós-modernidade. Por isso, no Dia Internacional da Mulher, quero me congratular com todas as mães que conseguiram sobreviver a perda de seus filho e dizer que elas trazem junto delas toda a capacidade de superação que só as mulheres possuem. Minha homenagem e respeito a essas heroínas. Março/2014