segunda-feira, 30 de setembro de 2013

BOTECOS E CERVEJAS

Ao ler uma reportagem sobre cervejas em uma revista Veja que circulou no mês de Setembro, fiquei no mínimo espantada. Li e reli. Não pelo fato de eu ter um pé atrás em relação a pesquisas feitas não tão aleatoriamente assim, mas pelo enfoque que foi dado ao assunto. O repórter inicia comparando os cafés franceses e os pubs ingleses com os botecos brasileiros. Todos eles têm como finalidade promover o encontro de pessoas, afinal o significado de botequim é esse mesmo: lugar em que as pessoas se encontram para beber e conversar. Nessas ocasiões, diz o repórter, a estrela é a cerveja acompanhada ou não de tira-gosto. Cerva, loira, ceva, gelada, suco de cevada, birra, aquela lá do fundo do freezer são alguns apelidos que qualquer garçom vai entender e atender ao frequentador do bar. O jornalista engorda a matéria discorrendo com muita propriedade sobre a origem da cerveja que remonta aos egípcios. Sutilmente, menciona que o Código de Hamurabi, primeiro conjunto de leis do mundo, estabelecia que quem produzisse cerveja de má qualidade, teria como pena morrer afogado nela. E por aí vai. Eloquente fica o assunto quando são enumeradas as vantagens de se tomar cerveja: possui ingredientes nutritivos e saudáveis, dispõe de propriedades medicinais, antibactericidas, diuréticas e relaxantes. Previne câncer e doenças do coração. E o grande presente: cerveja não cria barriga. Essa idolatria à cerveja seria até simpática se o álcool não fosse um flagelo para a humanidade. Dizer que tomar uma cervejinha numa noite quente, um espumante ou um copo de vinho não é agradável seria demagógico demais. Não dispensaria isso, mas também não iria a botecos para beber muito menos para encontrar amigos. Além do que meu conceito de boteco é outro. Por outro lado, fazer apologia ao álcool divinizando a cerveja numa mídia de grande circulação é uma atitude no mínimo irresponsável. Não é segredo para ninguém que o álcool vem mascarado de socialmente aceitável, e para muitas pessoas nem é considerado droga. No entanto, ele é a porta de entrada para outras drogas. Desnecessário seria citar aqui as múltiplas alterações que o álcool provoca no funcionamento do nosso organismo e a dependência que ele pode gerar. Entretanto, é relevante lembrar que inúmeras famílias são destruídas pelo seu uso e que o número de jovens que morrem alcoolizados em acidentes de trânsito é maior do que os que morreram na guerra do Vietnam. A cerveja é uma bebida alcoólica e pode desencadear uma doença de difícil cura que é o alcoolismo. Este fato o repórter esqueceu-se de citar. Por isso, considero essa reportagem (propaganda) em torno da cerveja apelativa e descabida. Ainda que no rodapé esteja escrito: “SE BEBER, NÃO DIRIJA” e “ESTE PRODUTO É DESTINADO A ADULTOS”. Associar cerveja a botequins já seria de bom tamanho. Tintim. Setembro/2013