terça-feira, 23 de abril de 2013

O PERIGO E O FASCÍNIO DA PAIXÃO


       

      A ex-primeira-dama da França Carla Sarkozy disse, no auge de sua sensualidade que nunca se sentiu solitária no período em que seu marido Nicolas foi presidente, pois estava profundamente apaixonada por ele. “Ainda estou, mas o começo de um relacionamento é único” complementou a cantora e compositora. Fazendo uma leitura mais profunda dessa declaração, conclui-se que os sentimentos mudaram. É o mesmo que dizer: está bom, mas não é mais como era.
       A ciência não deve ter se surpreendido com isso, pois pesquisas já provaram que a paixão tem prazo de validade: dura de 18 a 36 meses. Para os que estão em estado de graça, ela pode durar até 7 anos.
       Ninguém duvida que uma paixão pra valer, daquelas que causam insônia e até sangram, são raras.  Acontecem uma, duas ou três vezes na vida de uma pessoa. É artigo de luxo. Somente alguns privilegiados são atingidos por esse vendaval.  Diversas substâncias cerebrais são liberadas quando estamos apaixonados. Tem estudos que mostram que no início da                                                                                                                                          relação essas substâncias são abundantes e que com o passar do tempo elas diminuem.  Dessa forma, os sentimentos vão se transformando e novas possibilidades vão se abrindo. E a primeira-dama já se deu conta  disso.
       Já que esse deslumbramento não é seguro, um dia termina, o ideal seria direcionar nossos delírios para outras coisas mais concretas. Melhor não ter grandes esperanças para também não ter grandes frustrações e precisar mergulhar de olhos e nariz tapados na correnteza.
     Affonso Romano de Santana diz que a pessoa apaixonada perde totalmente o centro da gravidade e transfere a moradia de seu ser para a casa do ser alheio. E isso é muito sério. Essa idealização absurda do parceiro é um tanto perigosa. Qual é a sensação que a pessoa tem quando acorda desse estado de sonho, quando o encanto se esvai? Que sentimentos substituem essa alegria incontida, essa atração estonteante? Deixar o paraíso é sempre uma frustração. Acostumar-se novamente com uma vida sem turbulências, sem descontrole, sem poder fazer o que não deve é muito sem graça. O fim de uma grande paixão é uma ruptura dolorosa. Romeu e Julieta preferiram morrer a viver um sem o outro. Isso foi providencial, a fatalidade poupou-lhes de assistir ao inevitável fim da paixão.
     E uma coisa é certa, ninguém será o que era depois do desatino de uma grande paixão.