domingo, 11 de outubro de 2015

HOMENAGEM AO MEU IRMÃO

Meu irmão foi o último filho de uma prole de cinco. Nosso pai já estava resignado com a ideia de ter somente mulheres em sua descendência. Ninguém levaria seu nome adiante. Nada poderia ser feito contra os desígnios de Deus. Acontece que desconhecíamos os planos do criador e de uma gravidez tardia nasceu o macho da família Lorenzoni. Era para ser chamado de José, nome do avô paterno. Não podíamos tirar esse direito do pai coruja, mas também não queríamos que nosso irmãozinho carregasse um nome tão antigo e sem graça. Depois de muitas negociações entramos num acordo: Joel Antônio. Joel por ser parecido com José, nome do avô. Pelo menos era mais atual. E Antônio em homenagem ao pai. Somente a ingenuidade do seu Antônio acreditaria numa história dessas. Ingenuidade ou alegria por ter nascido o tão sonhado herdeiro. Para o Joel deve ter sido um tanto complicado conviver com cinco mulheres. Todas mais velhas, palpiteiras, mandonas e se achando no direito de decidir caminhos dele. Nosso irmão resolveu esse problema fechando-se como uma ostra e elegendo o Jéqui, um vira latas que apareceu lá por casa, seu melhor amigo. Andavam os dois sempre juntos como Dom Quixote e seu fiel escudeiro. Não se pode negar que Joel sempre foi tratado como o legítimo nenê da família, mas nem por isso levou com ele traços de filho mimado. Ao contrário, em plena adolescência, aprendeu a se virar sem a presença da mãe. Enfrentou a solidão, o estresse do vestibular, a tristeza de não ter a mãe presente na sua formatura, seus primeiros trabalhos. Construiu uma família linda. É um pai presente. Está sendo um avô de causar inveja. Embora seja um profissional de destaque, nunca permite que as pessoas lhe olhem de baixo para cima. Joel tem o hábito de temperar as palavras para não magoar ninguém. Carrega sempre junto de si o modelo de homem simples, correto, verdadeiro e sensível, fruto de uma educação arraigada. Entusiasta nas questões da espiritualidade, sabe que qualidade de vida se constrói do lado de dentro da gente e não do lado de fora. Sinto muito orgulho dele. Feliz aniversário, Joel. Da Iaia. Ângela M. L. Sauthier. Outubro/2015