É sabido e
inquestionável que a leitura nos coloca em sintonia com o mundo. E eu pertenço
ao grupo dos que acreditam que o verdadeiro processo de aprendizagem se dá
através da leitura. Por isso me empenho de todas as formas para que meus alunos
leiam. Que leiam todos os gêneros
possíveis: contos, crônicas, histórias em quadrinhos, reportagens, charges,
romances, enfim... O ler está vinculado ao processo de escrever e não se limita
apenas ao texto informativo, mas também ao poético, este construído pelos que
sabem fazer uso das sutilezas da língua. E ao contrário do que dizem os
pessimistas de plantão, muitos adolescentes gostam de ler sim e essa prática
acaba tornando-os culturalmente mais preparados. Percebe-se de imediato que
alunos com livros em casa e que veem seus pais lerem com frequência, tendem a
desenvolver a leitura com maior facilidade. É incumbência nossa, principalmente dos professores de língua portuguesa e literatura incentivar o
grupo a fazer da leitura um hábito e
sentir o tamanho do prazer que ela pode proporcionar. Conforme o gosto vai se
instalando eles poderão dar voos mais altos e partir para os clássicos da
literatura mundial.
Eu tenho
feito a minha parte. Mais do que isso, minha obrigação. Através da indicação de
livros apropriados à idade deles, as turmas têm lido sim e não existe nada mais
sensacional do que ver a transformação de adolescentes que antes se sentiam
desanimados e perdidos diante dos livros, descobrirem-se leitores apaixonados e
autônomos. É muito bom saber que eles percebem que o texto tem uma voz que
registra, ou reflete, ou denuncia, ou recria, ou analisa. É uma forma de
desenvolver a criticidade neles. Mais
interessante ainda é ouvir das mães perguntas do tipo: que milagre foi esse, professora? Como conseguiste fazer meu filho
ler? Hoje fulaninho se tranca no quarto com seu livro e não deixa ninguém ligar
a televisão para não atrapalhar sua leitura. Tem também aquelas mães que
aproveitam a corona e leem junto com os filhos. Eu acho tudo isso magnífico. Poder
contar com a ajuda dos pais no desenvolvimento cognitivo de seus filhos é um
gesto de confiança que eles colocam em minhas mãos. Semana passada recebi um e-mail da mãe de um ex- aluno que trocou de
estado e segundo ela, a professora de português não está valorizando a leitura
como prática de sala de aula. Por isso
ela me pediu uma lista com indicação de livros para a idade do menino. Fiz isso
com o maior prazer e me senti orgulhosa por fazer parte dessa mudança, uma vez
que o menino não gostava de ler anteriormente.
De qualquer forma, quando indico um livro,
alguns ainda fazem a tradicional perguntinha: quantas páginas tem, profe? Então percebo e penso: ainda não foi dessa
vez!!!!