segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

SUGESTÃO DE LEITURA 2




ANA TERRA - Érico Veríssimo
                                                                                                                                                                     



Ana Terra é o primeiro capítulo de "O Tempo e o Vento", obra prima do escritor gaúcho Érico Veríssimo e possivelmente o mais importante romance histórico brasileiro. Composto por três livros, "O Continente" "O Retrato" e "O Arquipélago" foram publicados entre 1945 a 1961 com um relato de mais de duas mil páginas. O Continente tem a duração de 150 anos, iniciando com o episódio nas Missões Jesuíticas em 1745 e terminando com o fim do cerco ao sobrado dos Cambará em 1895. Continente significa território conquistado a ferro e fogo. Tempo está associado aos homens, à medida que eles relacionam o trabalho daquele com a violência das guerras (passagem, destruição, morte). Vento está associado às mulheres porque essas representam a resistência humana contra as guerras e o instinto de morte (repetição, continuidade, permanência). A personagem Ana Terre adquiriu tanta importância que se tornou um romance à parte. Vivendo num fim de mundo com disputas de terras e fronteiras, ouvindo a voz do vento, no meio da brutalidade masculina, Ana cresce, trabalha, ama e sofre. O saber ler na época era sempre desvalorizado pelos homens e apreciado pelas mulheres. Ana achava bonito receber cartas, o que só ocorria nas cidades, mas seu pai, Maneco Terra afirmava: "carta não engorda ninguém" colocando todas sua força patriarcal na defesa das atividades primárias. Ele se orgulhava de não saber ler a carta de recomendação que Pedro lhe entregara. Ana também foi facilmente presa da música da flauta na qual Pedro colocava toda sua tristeza e infelicidade de desgarrado. Ao contar as histórias lendárias, ele prendia a atenção feminina. Isso tudo tornava o índio um enigma para Ana que não sabia lidar com um homem tão diferente que não pertencia ao mundo masculino que ela conhecia. Seu erotismo aumentado pela solidão fez com que Ana se entregasse a Pedro Missioneiro. A forma como Ana reagiu à violência do estupro dos castelhanos  aponta para uma crença absurda na vida. Poucas mulheres foram tão fortes, guerreiras e obstinadas quanto Ana Terra, numa época em que só o fato de ser mulher já era um fardo insuportável. Ela representa o início de tudo: gerou o primeiro rio-grandense, Pedro, ajudou a fundar a primeira vila, Santa Fé. Resistindo a toda espécie de violência, Ana Terra, a matriarca da família Terra Cambará tornou-se o símbolo da mulher rio-grandense.





 

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