NO LIMITE
Não é novidade para ninguém que a educação está um caos. Nossas
escolas estão carentes de recursos, de funcionários, de professores, de
carinho, de atenção e de respeito. Os trabalhadores em educação estão
desmotivados. Diariamente somatizamos decepções. Fomos
colocados em uma condição de vulnerabilidade tão gigantesca que ficamos
expostos a humilhações permanentes. O desânimo está tomando conta de nós.
Estamos cansados de repetir sempre as mesmas falas e não encontrarmos eco. O
descaso com que a educação está sendo tratada, a falta de comprometimento dos
nossos governantes, o constante desafio de ensinar adolescentes sem limites, a
necessidade de sabermos lidar com todas as mazelas sociais que de uma forma ou
de outra acabam na escola está fazendo com que os professores adoeçam. E como
se não bastasse, ainda somos responsabilizados pelo fracasso dos nossos
alunos. A falta de perspectiva caminha ao nosso lado; estamos
asfixiados e respirando por aparelhos. E, ao contrário de muitas outras profissões, quando
fazemos greves ou paralisações, temos que recuperar em algum momento as aulas
não ministradas. A sociedade nos cobra, a família nos cobra, o aluno nos cobra.
Sempre temos que trabalhar com recursos parcos.
Não podemos pedir a colaboração da família para a compra de material
didático sob pena de sermos denunciados. Temos que ser professores, psicólogos,
orientadores, pais, amigos, enfermeiros Quando um aluno não consegue progredir
nos estudos, nossa capacidade profissional é questionada. Apesar de todas essas
questões, continuamos educadores e amamos o que fazemos. Nosso salário ridículo
não nos impede de sermos competentes. O que precisamos agora é muito mais do
que o piso nacional, é respeito e consideração que já estão virando peças
perdidas de um quebra-cabeça. Os professores também estão pedindo socorro, pois
ser desprestigiado, nem os próprios imbecis merecem.
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